O valor da ferrovia pesada – o caso da Lousã
04/12/2015A ferrovia conheceu esta semana uma forte promoção, dentro e fora de portas. A Cimeira COP 21 em Paris e os pedidos no parlamento para reativação urgente do ramal da Lousã relembraram muitos decisores sobre o valor que a ferrovia pesada tem.
Não se trata de hierarquizar a importância absoluta de ferrovia pesada ou ferrovia ligeira, mas de enquadrar cada uma das abordagens e considerar onde fazem real sentido.
Sempre fui um opositor da opção tomada por anteriores governos de tornar o ramal da Lousã num novo laboratório experimentar de ferrovia ligeira de caráter suburbano, à imagem e semelhança do que foi feito por exemplo na linha da Póvoa, no grande Porto. Nos dois casos, era certo que as condições originais não podiam ser preservadas: as estações não eram funcionais o suficiente, o modo de tração dispendioso e pouco amigo do ambiente e a capacidade de absorção da procura, não raras vezes, duvidosa.
Tal como um carro citadino é pouco recomendável para servir constantemente a rotas de grandes distâncias, também os metros ligeiros são pouco adequados para ligações suburbanas. Todo o conceito acaba por propiciar ligações geralmente mais lentas e operação mais dispendiosa quando comparada com a ferrovia pesada, seja pela sinalização simplificada ou pelo desenho particular de via e veículos.
Ora, a Lousã é um evidente caso do eixo suburbano clássico, mesmo não se podendo comparar em massa crítica a eixos como Porto – Penafiel ou Lisboa – Sintra. Não há necessidade de ter paragens a cada 1000 metros, percorre longas zonas de baixa densidade populacional e até mesmo zonas rurais, e a velocidade deve ser um atributo claro do serviço entre Serpins e Coimbra. Como tal, e ainda que possam ser encontrados veículos que sirvam a dupla missão de operar em regime suburbano e depois poderem compatibilizar-se com infraestrutura ligeira no interior de Coimbra, a infraestrutura deve responder aos requisitos da ferrovia pesada.
Contrariamente ao realizado na linha da Póvoa, no grande Porto, a circulação de um tram-train que possibilite a operação numa hipotética rede urbana dentro de Coimbra não obriga à existência de sinalização ou catenária simplificada, pois todo o conceito desses comboios é precisamente o de embarcarem sistemas e valências polivalentes para adaptação aos dois standards distintos.
A opção por um BRT pode, de um ponto de vista simplista e de análise da procura, ser realista. No entanto, é conveniente lembrar que tais soluções são habitualmente exploradas em meio urbano, eventualmente em zonas de perímetro de grandes cidades. Um BRT não é, por muito segregado que seja o canal ou eficientes as paragens nas estações, outra coisa senão um autocarro, com o seu conforto próprio, as suas acelerações e desacelerações típicas, entre outros. O conforto e a velocidade são resultado também disso mesmo.
Tendo um canal ferroviário tratado e adaptado a circulações suburbanas como é o do ramal da Lousã, parece-me efetivamente importante assegurar a sua manutenção na rede ferroviária nacional, que já é suficientemente pouco abrangente para ainda se dar ao luxo de não servir zonas importantes como Miranda do Corvo ou Lousã. Além disso, a sua valência para transporte de mercadorias pode também servir à atração de investimento e atividade económica para esses concelhos, ainda para mais numa zona cujos acessos rodoviários são exigentes – para utilizar um eufemismo.
Não disputando a necessidade de um tratamento profundo da plataforma de via que poderia sempre obrigar à suspensão de tráfego, disputo claramente a ideia de que uma via única eletrificada, com várias estações para cruzamento e sinalização de última geração possa ser uma má solução para a Lousã. É a solução que melhor pondera valores como a velocidade, capacidade, conforto e polivalência, projetando o futuro.
Numa coisa concordo com todas as propostas em cima da mesa: é fundamental devolver às populações um sistema de mobilidade que aproveite o ativo imenso que é representado pelo canal ferroviário que ali existe e que evita o recurso às estradas sinuosas da região. E é fundamental pensar num sistema que seja ambiental e socialmente sustentável. Os transportes não são um fim em si mesmo, mas um meio para atingir vários fins: a acessibilidade e a mobilidade, nomeadamente. E por isso, deve-se ter em conta os fins a atingir antes de definir dogmaticamente o meio a utilizar.
Olá boa tarde, este assunto é muito importante do artigo N°300, É muito urgente A Reativação, Modernização, E A Electrificação de 25MV/50Hz na Linha do porto até a Famalicão via Póvoa de Varzim no plano ferroviário 2030, Além de Reativar toda a Rede ferroviária antiga, Como Os Ramais de Cáceres, Do Sabor, Do Tua, Do Corgo, Do Tâmega, Da Alfândega, De Matosinhos, De Leixões Para Ermesinde e Para Contumil, Da Figueira da foz, Da Lousã, Do Vouga Entre Oliveira De Azeméis-Serenada Do Vouga E Viseu, De Montemor, Prolongamento Do Ramal de Braga entre Braga E Valença, E Nine E Aeroporto Sá Carneiro, Linha De Guimarães entre Porto E Fafe Via Antiga E Nova Linha de Guimarães, Reativar toda a Rede ferroviária antiga, E Nova, e Ext, no Programa Ferroviária 2030 para a encomonia do País Para Todo o mundo ok.