Planeamento deficiente – Fátima

Planeamento deficiente – Fátima

12/05/2017 0 Por Joao Cunha

Fátima acolhe hoje em dia mais de oito milhões de turistas, anualmente. Apesar de constituir um dos principais centros turísticos do país, e de ter por essa via uma importância económica singular, não tem uma estação ferroviária.

A estação que ostenta o seu nome fica em Vale de Ovos, Chão de Maçãs, a mais de 20 quilómetros de distância do santuário. A estação de Caxarias foi depois convertida na estação de serviço ao Santuário, a 24 km de distância, por conveniência de acessos.

Nos últimos 20 anos muitas vezes se falou de plano ferroviário nacional. Chegou a ser apenas o mapa da alta velocidade, passou por fases intermédias onde assomava a importância da rede convencional, chegou a ser um plano de investimentos pontuais e em 2016 o Parlamento pediu ao Governo que apresentasse um plano digno desse nome até ao final do ano – obviamente não foi apresentado.

Apesar de muita declamação, nunca até hoje houve um olhar sistemático para toda a rede e o território que deve ou não servir. Só assim se explica que nunca até hoje tenha sido abordada a incrível importância de aproximar o comboio deste fundamental centro económico. Não conheço outro caso de tamanho esquecimento no mundo civilizado.

Neste país de contrastes, o planeamento ferroviário permanece ao sabor de prioridades aleatórias do poder político. Nenhum desenvolvimento coerente se faz sem uma grande base estratégica que permita, à medida dos fluxos financeiros existentes, ir concretizando por etapas e consoante prioridades previamente estabelecidas a ideia de conjunto.

Um milagre seria Fátima iluminar o planeamento de infraestruturas por cá. Mas nesse nem os pastorinhos acreditariam.