Como Viseu foi excluída da RFN
16/05/2017O PT2020 e em particular os fundos para infraestruturas prometiam recolocar Viseu na rede ferroviária nacional.
No entanto, é dito que a Europa não dá dinheiro para a linha Aveiro – Mangualde, tida como de rentabilidade duvidosa apesar de recolocar Viseu no mapa. Nada de mais verdadeiro e de mais falso.
A análise ao investimento que é feita atualmente parte do pressuposto que se vão gastar 200 a 300 milhões no troço Mangualde – Pampilhosa da linha da Beira Alta, numa renovação profunda cujos contornos ainda não se perceberam: é um valor pornográfico para uma renovação que se anuncia como regeneradora de componentes e para aumentar estações.
Ora a oportunidade para Viseu residia em não concorrerem estes investimentos no mesmo espaço temporal. A atual linha da Beira Alta podia continuar como está com pequenos retoques já que nenhum atributo relevante (velocidade ou rampas) vai ser mexido. Se a hipótese primeira fosse a nova linha Aveiro – Mangualde, a metodologia europeia iria admitir que o tráfego passaria a ir preferencialmente por esta linha e, por isso, propiciaria um output maior, entre tráfegos existentes redirecionados e tráfegos novos que sem dúvida pode induzir – desde logo para passageiros.
Tendo os políticos optado por financiar primeiro uma incompreensível e inútil renovação, a análise posterior do novo troço Aveiro – Viseu – Mangualde faz-se pressupondo um ganho marginal de tráfego e não como substituto preferencial do troço original, já que esse troço original será profundamente intervencionado com dinheiros europeus – mesmo que na prática vá ficar tudo igual.
Esta horrível opção mostra a diferença entre Portugal e Espanha. Em Espanha a primeira candidatura seria sempre Aveiro – Mangualde e só depois, alegando obsolescência, a velha linha da Beira Alta.
Espantoso ver dois países há 30 anos na UE e como um é tão competente nestes jogos de candidaturas e o outro tão inepto e, até, ingénuo. Só se a intenção em Portugal nunca tiver sido realmente uma linha de boas prestações para Espanha nem trazer a maior cidade europeia sem comboio de volta para a rede. Nesse caso, foi tudo bem feito.