Portalegre, um problema fácil de resolver

Portalegre, um problema fácil de resolver

16/05/2017 1 Por Joao Cunha

Nunca mais se falou da Barragem do Pisão, perto de Portalegre, cujas águas inundarão parte da linha do Leste.

João Cardoso, no seu blogue, fez em 2008 uma bela proposta para resolver a questão e aproximar ao mesmo tempo a linha do Leste de Portalegre, hoje em dia servida por uma estação demasiado distante.

Proposta de João Cardoso, a tracejado.

Independentemente da Barragem, o futuro mais ou menos próximo reserva uma oportunidade única para reposicionar Portalegre no quadro nacional e, parece-me evidente, uma capital de distrito deve ter uma ligação ferroviária digna desse nome – é um objetivo estratégico não necessariamente rentável economicamente mas, se levarmos a sério a organização territorial, não é absurdo.

Em 2021, a correr tudo bem, Elvas estará a 2 horas de Lisboa através da nova ligação via Évora. A linha eletrificada permitirá circular facilmente a 200 km/h e terá concordância em Elvas para permitir acesso à estação atual e a Espanha.

Com a proposta atrás mencionada, Portalegre ficaria com uma estação muito central, a cota razoável, e a cerca de 60 quilómetros de Elvas. A linha do Leste tem a sua infraestrutura principal renovada nesta zona e, com automatização de passagens de nível, permite facilmente velocidades superiores a 140 km/h em boa parte do seu traçado – são excepção duas curvas na zona de Arronches, a passagem por Santa Eulália e a aproximação a Elvas.

Ou seja, continuando a eletrificação de Elvas até Portalegre e pelo novo traçado, comboios elétricos similares poderiam circular a 140 km/h entre as duas cidades e ligá-las em cerca de 35 minutos – 100 km/h de média, provavelmente sem grande investimento até poderia ser melhorado.

Quer isto dizer que a nova linha Évora – Caia associado a um pequeno investimento de Elvas a Portalegre pode colocar esta capital de distrito a 2 h 35 de Lisboa, sensivelmente o mesmo que de carro e entre 30 a 60 minutos mais rápido que de autocarro, servindo ainda cidades da importância de Elvas, Évora ou Vendas Novas e resolvendo o problema do centro ferroviário em Portalegre.

Quanto a custos? Falaremos de não mais de 70 milhões de Euros para o troço novo (mais estação nova em Portalegre) e entre 30 a 50 milhões para segurança e eletrificação da linha do Leste até Elvas.

Ou seja, por 100 milhões de Euros (uma estação nova de Metro em Lisboa) Portugal pode resolver um dos mais antigos problemas de acessibilidade e equidade territorial. Tudo são escolhas: as que se fazem e as que se ignoram.