Cortes no Investimento Ferroviário

Cortes no Investimento Ferroviário

25/06/2017 0 Por Joao Cunha

O governo atual mantém a apresentação dos investimentos ferroviários na continuação do que tinha sido o PETI3+ apresentado em 2014 e 2015 pelo governo anterior. São cerca de 2.700 milhões de Euros distribuídos de Norte a Sul, particularmente concentrados nos eixos internacionais Sines – Caia e Aveiro – Vilar Formoso.

O jornalismo tem a missão de ir fazendo o controlo das políticas públicas – como todos os partidos na assembleia de resto – e não pode aceitar que se continuem a atirar números para a praça pública sem fazer as contas ao que está a ser anunciado.

Aproveitando um post de um amigo que decidiu olhar para os números, constata-se algo de arrepiante nos anúncios recentes – um imenso corte no plano de investimentos ferroviários foi feito neste último ano sem que alguém dele se tenha apercebido, até porque as apresentações sucedem-se e o seu tom é de continuidade.

Mas os números não mentem, ora vejamos:

  • Linha do Norte: de 400 milhões passou a 315 milhões, com exclusão do troço Alverca – Castanheira do Ribatejo
  • Linha do Minho: de 145 milhões passou a 83 milhões (e desapareceu a menção a suavizar rampas)
  • Linha do Oeste: de 135 milhões passou a 105 milhões
  • Linha da Beira Alta: de 900 para 600 milhões, com exclusão de Aveiro – Mangualde (e desapareceu a menção de suavizar rampas na linha histórica)
  • Sines – Caia: de 1000 milhões para 626 milhões (desapareceu a nova linha de Sines).

De um total de 2.580 milhões de Euros a investir nestas linhas (mais 120 milhões que estavam reservados a outros projetos – Douro, Algarve, ramais de mercadorias), o plano atual já só prevê 1.729 milhões.

Num ápice, enquanto se anuncia o reforço do plano numa base quase semanal, o governo cortou 33% do plano de investimentos para a Ferrovia 2020. E o que sobra está com uma execução, no mínimo, demorada – a exceção única é a linha do Minho, o menor dos investimentos previstos.

É fundamental perceber o que aconteceu ao resto do plano. Algumas candidaturas comunitárias têm sido rejeitadas mas Portugal não parece muito incomodado. Em vez de reorientar verbas para outros projetos ferroviários ou preparar a sua melhor defesa, parece existir um alívio e comodamente se deixa cair, enquanto em público o foguetório continua como se andássemos a reforçar o plano de 2014. Não estamos. Um terço já era.