100 milhões ao fundo na linha do Oeste
06/06/2018A consulta pública sobre o projeto de renovação da linha do Oeste chegou ao fim e já está disponível o seu relatório. Recomendo vivamente a leitura do parecer constante das últimas 5 páginas do documento: http://siaia.apambiente.pt/AIADOC//AIA2979/aia2979rcp201865105656.pdf
A opinião sublinhada está muito bem fundamentada e parte precisamente das premissas do projeto, onde as carências e até incorreções são evidentes. Os números do projeto não batem certo no que aos seus objetivos diz respeito e os mais de 100 milhões a alocar à linha do Oeste entre Meleças e Caldas da Rainha arriscam ser o maior elefante branco das últimas décadas na nossa rede ferroviária (e se há concorrência a esse título!).
Como na maioria dos projetos nacionais, vai-se avançar para o projeto sem se olhar aos padrões de mobilidade e sem se olhar às grandes variáveis da competitividade do modo ferroviário, o que obviamente condenará esta linha a ser o que já é: um sorvedouro de recursos públicos largamente inútil e incapaz de cumprir um papel social (ou ambiental) claro.
A linha do Oeste está encravada pela sua má acessibilidade a Lisboa e sem isso estar resolvido sou até da opinião que o Estado deve parar simplesmente com o transporte de passageiros a sul da Malveira, seja como está a linha hoje ou como estará no futuro, eletrificada e parcialmente duplicada. Para as mercadorias, as severas rampas da linha, desde logo no seu acesso via linha de Sintra, a linha do Oeste continuará a ser uma caricatura de via férrea do século XXI, não cumprindo qualquer papel de alívio no congestionamento existente na linha do Norte para ligações entre o Norte e o Sul.
Em suma, 100 milhões é praticamente nada para o que existe por fazer e é pesadamente excessivo para um projeto tão sem utilidade. Quererá alguém corrigir o tiro? Aparentemente interessa mais quantificar investimento do que qualificá-lo.
Proposta de evolução para a linha do Oeste
- Linha nova, em via dupla e eletrificada, entre Sacavém, Loures e Malveira
- Requalificação da linha entre Malveira e Leiria, com vedação, eletrificação e sinalização automática, permitindo velocidades entre 160 e 200 km/h (algumas correções necessárias)
- Eletrificação e correção de traçado entre Leiria e Figueira da Foz, aumentando velocidade para o patamar dos 160 km/h entre Leiria e Louriçal e para 140 km/h daí para Lares / Figueira da Foz
- Estudo de prolongamento da Figueira da Foz para Aveiro
Necessariamente este plano necessita de um investimento muito superior a 100 M€. Defendo no entanto que o investimento seja gradual se necessário for, mas siga nesta direção e numa lógica evolutiva.
A Linha Do Oeste É Para Chegar A Aveiro Via Figueira da foz Com Eletrificação De 25MKV/50HZ Entre Agualva Cacém E Figueira Da Foz E Levar A Linha Do Oeste Até A Aveiro Com A Eletrificação A Levar Até A Aveiro Via Figueira Da Foz, Praia Da Figueira Da Foz, E O Porto De Aveiro Até Que Chegue À Estação De Comboios De Aveiro, O Ramal Da Lousã É Para Ser Modernizado, Eletrificação De 25MKV/50HZ Na Sua Totalidade Deste Troço Entre Coimbra B E Serpins Com A Sua Extensão Até A Marrocos E Entre A Parte Norte Da Estação De Comboios De Coimbra B E A Lousã Em França É Para Ficar Pronta Para PFN 2030 Em 2024.